O que conhecemos hoje como Commedia Dell’Arte surgiu na Itália no começo do século XVI, no principio era mais um teatro literário, um culto, algo mais erudito. Os atores eram artesãos no fazer teatral. Estes mesmos atores, tidos como os primeiros, tiveram inspiração na improvisação, um impulso que veio do carnaval, com os cortejos, o uso das máscaras, as apresentações através de acrobacias e as pantomimas.
Com a habilidade de improvisar, os atores se adequavam às condições que encontradas no caminho, haja vista que nem sempre havia lugar adequado para realizar as apresentações. Estas por sua vez ocorriam desde os salões de palácios, as quais eram patrocinadas por nobres, até as e praças onde não havia estrutura e os cenários e outros elementos de cena eram totalmente dispensados. As apresentações também chamadas de performances, seguiam um repertório de situações constantes: adultério, ciúmes, velhice, amor. Os diálogos e ações podiam ser facilmente ajustadas para satirizar escândalos locais, eventos recentes, gostos regionais e misturados com piadas antigas. Os personagens eram identificados através dos figurinos e máscaras.
Um exemplo de roteiro era dos innamorati (enamorados) e seu desejo em casar. Entretanto, um vecchio (velho) ou vários velhos, os quais querem evitar o casamento, estes envolvem um ou mais dos zanni (servos) para ajudá-lo. Todavia, tudo acaba bem, com o casamento dos innamorati e o perdão de todas as maldades.
Geralmente as trupes eram formadas, por oito ou doze atores, conforme a divisão apresentada acima: enamorados, velhos e servos.
Os Enamorados (innamorati)
Estes são jovens, virtuosos e perdidamente apaixonados um pelo outro. Suas falas eram dotadas de elegância cheias de poesia, usam os trajes mais belos e de acordo com o período e a moda da época e nunca usam máscaras.
No roteiro sempre havia um casal, os nomes mais conhecidos eram: Orazzio – um homem egoísta, fútil e vaidoso. Geralmente filho de um dos vecchi e Isabella - filha de Pantalone. Conforme ilustração.
Os Velhos (vecchio)
Pantalone – é um rico mercador veneziano, avarento e conservador. Falava em dialeto veneziano, apaixonado por provérbios, mesmo sendo de idade gosta de cortejar as donzelas. Sua máscara é negra e se caracterizava por seu nariz cumprido, e sua barbicha pontuda.
Outro velho é o Dottore, que podia aparecer como amigo ou rival de Pantalone. Este normalmente advogado ou médico, fala em dialeto bolonhês intercalado por palavras ou frases em latim. Gosta de ostentar a sua falsa erudição, mas era enganado pelos outros por ser extremamente ingênuo. Também é um marido ciumento e geralmente corno. Sua máscara possui um acento que só marca a testa e o nariz. Enquanto Pantalone possui um corpo esguio Dottore é o seu oposto.
Os Servos (zanni)
Estes estão sempre em dupla, de um lado o esperto e que faz as intrigas alavancando as ações. Um bom exemplo é Colombina. De outro o rude e simplório, e que de forma atrapalhada interrompe as ações e desencadeia o cômico. Estes são mais conhecidos como Arlecchino, Brighella e Pulcinella.
Arlecchino – também conhecido como Arlequim é acrobata, amoral, glutão. É facilmente reconhecível pela roupa com estampa em forma de diamantes. Seu papel algumas vezes é substituído pelo seu filho. Sua máscara possui uma testa baixa com uma verruga. Algumas vezes, usa um lenço negro sob o queixo e amarrado no alto da cabeça, Arlecchino é o servo do Pantalone, às vezes do Dottore. Ele ama Colombina, mas ela apenas o faz de idiota.
Colombina - A contrapartida feminina do Arlecchino. Usualmente retratada como inteligente e habilidosa. Não usa máscara. É a única criada feminina, serva pessoal da enamorada, sendo a mais educada e refinada devido à convivência próxima com Isabella. Por vezes é ambiciosa e cria intrigas. Colombina é apaixonada pelo Arlecchino, apesar de ver suas armações. Ela tenta fazer dele uma pessoa mais nobre, mas sabe que é impossível.
Brighella – Um trapaceiro, de pouca moral e desmerecedor de confiança. É retratado como agressivo, dissimulado e egoísta.
Pulcinella - O esquisito, inspirador de pena, vulnerável e geralmente desfigurado. Na maioria das vezes, com uma corcunda. Muitas vezes, não é capaz de falar e, por isso, comunica-se através de sinais e sons estranhos Sua personalidade pode ser a de um tolo, ou de um enganador.
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